Aconteceu na manhã desta sexta-feira, 6, no Centro de Ensino João Paulo II, no bairro do Turu, o encerramento do projeto Roda de Leitura, desenvolvido pelo Ministério Público do Maranhão, por meio do Programa Comunitário em Mediação e Práticas Restaurativas (MP na Comunidade) e da Secretaria para Assuntos Institucionais (Secinst).
A iniciativa é uma das ações do projeto Escola para a Vida, que tem como objetivo principal contribuir para a construção de ambientes escolares seguros e pacificados. Participaram alunos das séries finais do ensino fundamental e médio das escolas CE João Paulo II, CE Paulo Freire e Centro Educa Mais Professora Estefânia Rosa da Silva.
O projeto foi executado em parceria com a Organização Social Comunitária Clube de Mães Mateus e dez comunidades escolares do território do Turu/Divineia
A programação foi iniciada com uma apresentação musical de alunos dos CE Paulo Freire e João Paulo II, com regência do maestro do Coral Vozes do MP, Ronaldo Ribeiro. Também coube aos estudantes Lívia de Cássia Rocha, do segundo ano do ensino médio do CE Paulo Freire e David Faustino dos Santos, do Centro Educa Mais Professora Estefânia Rosa da Silva, atuarem como mestres de cerimônia do evento.
O diretor da Secretaria para Assuntos Institucionais (Secinst) do MPMA, José Márcio Maia Alves, falou sobre a importância da culminância do projeto, que abordou questões relacionadas à violência de gênero, em especial a psicológica, a partir da leitura da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis.
O promotor de justiça também falou sobre a importância da escola como espaço de interação e de aperfeiçoamento de cada um, para que possam contribuir com a sociedade. “Agradeço a comunidade escolar por acolher o Ministério Público e nos permitir fazer parte de um pouco dessa escola para a vida”, finalizou.
O titular da Promotoria de Justiça Comunitária Itinerante e coordenador do Programa Comunitário em Mediação e Práticas Restaurativas do MPMA, Vicente de Paulo Silva Martins, destacou a satisfação do MP ao desenvolver o projeto.
Para Vicente Martins, a escola tem que ser uma forma de transformação para toda a vida. “Esse projeto vem para desenvolver ferramentas que possam contribuir com o desenvolvimento de cidadãos e cidadãs conscientes de suas potencialidades e direitos, que possam construir uma sociedade mais pacificada, justa e solidária”, avaliou.
Luiz Alberto Rodrigues, assessor da Procuradoria Geral de Justiça, também destacou o sucesso do Projeto Roda de Leitura, contando que já houve propostas de expansão para outras escolas. “Vocês tiveram um papel muito importante para isso”, enfatizou. Ele agradeceu a todos que contribuíram para o projeto e desejou que o hábito da leitura seja algo permanente na vida de todos os jovens participantes.
A diretora da Creche Escola Caiane Mateus, Fernanda Albino, destacou a importância da parceria com o Ministério Público e agradeceu, em especial, aos alunos. “O projeto é idealizado por vocês, para vocês, e é realizado porque vocês toparam ser nossos parceiros nessas ações”.
A representante da direção do CE João Paulo II, Leonor Saboia, ressaltou a união entre várias instituições e pessoas com foco na educação e também enfatizou a importância do esforço de cada estudante. “Costumo dizer aos nossos alunos que conhecimento é poder, e isso ninguém nos tira. Tenho certeza de que a partir desse projeto, vocês terão muitas outras com o mundo da leitura”, observou.
PALESTRA
A promotora de justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional de Enfrentamento à Violência de Gênero (CAO-Mulher), Sandra Fagundes Garcia, apresentou a palestra “Violência psicológica contra a mulher: necessidade de visibilização do problema e de seu enfrentamento familiar e institucional”.
Em sua fala, Sandra Garcia abordou os vários tipos de violência enfrentados pelas mulheres, explicando que a violência psicológica é aquela que causa danos emocionais, é repetitiva e se caracteriza por humilhações, constrangimento e controle de ações e comportamentos da mulher por meio de ameaças.
A promotora de justiça falou sobre a escalada da violência doméstica até chegar ao feminicídio, crime no qual o Brasil é o 5° com maior incidência no mundo. No Maranhão, somente em 2023, já foram registrados 40 feminicídios. Por fim, Sandra Garcia apresentou a iniciativa “Medida Protetiva de Urgência salva vidas”, que disponibiliza um formulário online no site do Ministério Público do Maranhão, no qual podem ser denunciados casos de violência contra a mulher.
Atuando como debatedor, José Márcio Maia Alves enfatizou que a violência psicológica é, muitas vezes, o início de um ciclo de agressões. De acordo com o diretor da Secinst, um projeto semelhante aos grupos reflexivos, dos quais participam homens contra os quais existam medidas protetivas, mas que atue no início desse processo, está sendo desenvolvido pelo Ministério Público. “Precisamos alcançar esses potenciais agressores, atacando o problema no início desse ciclo de violência”, explicou.
PREMIAÇÃO
A partir das atividades desenvolvidas no Projeto Roda de Leitura, os estudantes das escolas participantes elaboraram textos a respeito da violência contra a mulher, que foram reunidas em um concurso de redações. Os trabalhos foram corrigidos pelas professoras Lúcia Helena Rabelo, Débora Costa e Maria Aldenora Cabral.
Nesta sexta-feira, foram premiados os 11 primeiros colocados na competição. Da 11° à 4° colocação, os estudantes receberam um conjunto com três obras de Aluísio Azevedo; o terceiro lugar recebeu, também, outros seis livros de Eça de Queirós; para a segunda colocação, além dos mesmos livros foram oferecidas outras oito obras de Machado de Assis; e o primeiro colocado ganhou um leitor digital Kindle, com várias obras da literatura brasileira e mais R$ 200 em livros digitais à sua escolha.
A primeira colocada, Lara Fernanda da Silva Machado, estudante do 2º ano do ensino médio no CE João Paulo II, considerou a experiência muito gratificante ao permitir que os jovens se conectem com a literatura e por trazer problemáticas importantes na atualidade. Sobre o texto vencedor, a estudante contou que trouxe vivências próprias, a partir de experiências familiares, que foram sendo aperfeiçoadas na redação.
A professora Aldenora Cabral também enfatizou a importância do projeto, tanto para os estudantes quanto para as que as escolas possam aprimorar a sua atuação. “Nós temos mecanismos de avaliar a interpretação dos alunos mas, por esse projeto, pudemos avaliar a parte escrita. Que esses resultados possam ser a base para um plano de ação sobre aquilo que podemos melhorar”. Para ela, a oportunidade também foi importante para humanizar a imagem do Ministério Público junto à comunidade escolar.
LISTA DE PREMIADOS
1° Lara Fernanda da Silva Machado (CE João Paulo II)
2º Letícia Caroline C. Almeida (CE João Paulo II)
3° Gabrielly Sousa Silva (CE Paulo Freire)
4º Ruthe Noemy C. Pires (CE Paulo Freire)
5º Alik Zadiel dos Santos Medeiros (CE João Paulo II)
6º Layla Beatriz de Abreu Costa (CE Paulo Freire)
7º Rubens Eduardo Silva Ferreira (CE Paulo Freire)
8º Arthur Silva Brandão S. de Ferdinando (CE Paulo Freire)
9° Ana vitória Paixão Nogueira (CE João Paulo II)
10° Cristiane da Silva Souza (CE Paulo Freire)
11° Isael Keven Rego Silva (CE Paulo Freire)
Redação: Rodrigo Freitas (CCOM-MPMA)