Mostra aborda histórias de vida e ancestralidade das mulheres participantes
Apresentando esculturas e peças em cerâmica, telas e objetos feitos com material reciclado foi aberta na manhã desta quarta-feira, 7, no Espaço de Artes Ilzé Cordeiro, no Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão (Rua Oswaldo Cruz, Centro), a exposição coletiva “Círculos: afetividade e cura”.
A mostra – que permanece em cartaz, no local, até o dia 31 de agosto – reúne trabalhos de 11 artistas de diversas gerações, a maioria mulheres, alunas de Vitória Maria Rodrigues, professora de artes do Estaleiro Escola, centro de aprendizado localizado no bairro do Tamancão, criado pelo engenheiro Luiz Phelipe Andrès, falecido no final do ano passado, um dos homenageados na coletiva.
“Inicialmente, a ideia era fazer uma exposição somente com peças de Vitória Maria e do filho dela, Vytto Rodriguez. Mas mudamos de ideia por inciativa principalmente da professora Vitória e resolvemos congregar o trabalho das suas alunas”, explicou o curador do Centro Cultural do MPMA, Francisco Colombo.
Além de trabalhos de Vitória e Vytto, integram a exposição obras de Ana Dias Neta, Assunção de Maria, Carla Bianca, Francisca Coelho, Neline Soares, Raica Karoliny, Raimunda Nonata, Shayra Bruna e Vanusa de Jesus.
“Na verdade, esta exposição é fruto da oficina de três meses oferecida no Estaleiro Escola, na qual foi ofertado o treinamento para a manipulação da cerâmica e aulas de pintura em tela. Enfim, esta mostra é uma ótima oportunidade de revelar o trabalho dessas alunas. Tirá-las do anonimato”, destacou Vitória Maria, que há oito anos ministra aulas de escultura e pintura.
Uma das artistas presentes é Neline Soares, 72, com um conjunto de peças de cerâmica, que fazem referência a sua infância, passada na cidade de Bacabal, e à história do bairro Coroado, em São Luís, onde mora. As principais esculturas da artista são pequenas cabeças que representam os estivadores que trabalhavam no antigo Porto da Cerâmica, no Coroado. “Era um importante porto de abastecimento da região, por onde chegavam alimentos para a feira do João Paulo e peças de cerâmica vindas de localidades do interior”, explicou.
Outra artista presente na exposição é Ana Dias Neta, que trouxe a instalação e o quadro “Divino”, feito com cerâmica, papel machê e madeirite. A obra é acompanhada pelas bonecas “maricotas tamanqueiras”, confeccionadas por Vitória Maria, representando as caixeiras do Divino Espírito Santo.
Há, ainda, dois quadros intitulados “Nascer do sol de amanhã”, feitos na técnica acrílica sobre tela da artista adolescente Raica Karoliny, de 12 anos.
ABERTURA
Abriu os pronunciamentos no lançamento da exposição, a administradora do Centro Cultural do Ministério Público do Maranhão, Dulce Serra, que considerou a mostra como um exemplo da força e resistência feminina, diante de um mundo ainda machista. “A exposição “Círculos” traduz a nossa capacidade de reinvenção, ressignificação e renascimento e o cuidado que devemos ter uma com a outra, principalmente nesses tempos no qual o sexismo, a misoginia e os assédios moral e sexual vêm à tona com toda força. Esta mostra trata do cuidado com nossas feridas, da recuperação de nossa autoestima, da nossa ancestralidade e luta”, destacou.
Em seguida, o curador Francisco Colombo agradeceu a presença dos participantes e visitantes e explicou as mudanças no planejamento da exposição. “Resolvemos fazer um mostra coletiva, porque a Vitória Maria é uma pessoa aberta, afetiva e agregadora. Daí, acolhemos a ideia e conjugamos pintura em tela, reciclagem, escultura, cerâmica, vários suportes e técnicas, que perpassam histórias de vida, ancestrais”, afirmou.
Representando a Administração Superior, o diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), Carlos Henrique Vieira, saudou os artistas e agradeceu o esforço da equipe do Centro Cultural. “As questões abordadas na exposição estão sendo tratadas e debatidas pelo Ministério Público, como a saúde mental, o assédio moral e o afeto. A arte sedimenta esses conceitos na sociedade, que, muitas vezes, a norma e a legislação sozinhas não conseguem. Portanto, a arte é essa ferramenta potente capaz de revolucionar o mundo”, ressaltou.
A professora Vitória Maria agradeceu o espaço e a parceria do Ministério Público e os apoiadores da mostra, e o artista plástico Miguel Veiga, que esteve em cartaz no local com a exposição “Flores de Obaluaiê” deu as boas-vindas a todos os participantes.
Ao final, Vitória Maria presenteou o coordenador do Solar Cultural Maria Firmina, Jonas Borges, com uma obra feita de cerâmica.
Redação: Eduardo Júlio (CCOM-MPMA)