Foi aberto na manhã desta quinta-feira, 14, no auditório do Centro Cultural e Administrativo do Ministério Público do Maranhão, o “Seminário de prevenção e enfrentamento às violências autoprovocadas”. O evento é uma iniciativa do Ministério Público do Maranhão e da Secretaria Municipal de Saúde de São Luís, em parceria com o Fórum Estadual de Prevenção da Automutilação e do Suicídio.
A coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e Cidadania (CAO-DH), Cristiane Maia Lago, agradeceu a presença de todos e, em especial, às instituições que apoiaram a realização do evento, ressaltando que o foco do trabalho é a prevenção ao suicídio.
O procurador de justiça Joaquim Henrique de Carvalho Lobato, que representou o procurador-geral de justiça, Eduardo Nicolau, também enfatizou a importância do seminário, desejando sucesso a todos os participantes.
A superintendente de Vigilância Epidemiológica e Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, Francilene de Sousa Silva, representando o secretário Joel Nunes, destacou a importância da discussão a respeito da prevenção das violências autoprovocadas, consideradas um grave problema de saúde pública no mundo. “Essas violências provocam um impacto de adoecimento, principalmente mental, muito forte e, com isso, a pressão sobre o sistema de saúde para que possamos dar respostas”.
PALESTRA
Após uma apresentação do Coral Vozes do MP, teve início a palestra “Intersetorialidade com a atenção primária na prevenção à violência e promoção da saúde e cultura de paz”, ministrada pela consultora do Ministério da Saúde para Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes, Cheila Marina de Lima.
De acordo com a palestrante, é dever do Estado garantir a segurança das pessoas em vários aspectos e cabe aos agentes estatais oferecer respostas concretas, por meio de políticas públicas intersetoriais. No caso da saúde mental, essas ações materializam a esperança que as pessoas precisam. “O Estado não está fazendo o suficiente. Se estivesse, não teríamos as taxas de mortalidade e adoecimento mental atuais”, afirmou.
Cheila de Lima abordou os determinantes e condicionantes da violência e explicou o modelo socioecológico de determinação do suicídio, que engloba as dimensões individual, relacional, comunitária e macrossocial. De acordo com a consultora, o Brasil vive uma taxa de aumento de suicídios, o que contraria a tendência mundial.
A palestrante observou a importância da notificação dos casos de violência autoprovocada, ressaltando que ela precisa se transformar em ações concretas, com o acionamento da rede de cuidado. De acordo com Cheila de Lima, em vários estados o Ministério Público tem provocado a padronização de fluxos de atendimento para esses casos.
MESA REDONDA
Com mediação da promotora de justiça Cristiane Lago, foi realizada a mesa redonda “Panorama da situação de violência interpessoal e autoprovocada no estado do Maranhão”, com representantes das áreas da segurança pública, educação e saúde.
A supervisora de Assistência e Apoio Biopsicossocial da Secretaria de Estado de Segurança Pública, Giovanna Pelella, falou sobre a situação vivida pelos integrantes das forças de segurança pública, apontando fatores diretamente ligados ao trabalho que influenciam a saúde mental.
De acordo com Giovanna Pelella, dificilmente os profissionais procuram espontaneamente os serviços de apoio. Isso se deve, em muitos casos, a um estereótipo de “super-homem” assumido pelos agentes de segurança, que têm o papel de proteger. Ela abordou, ainda, o impacto que os casos de adoecimento causam nas famílias dos profissionais.
A psicóloga Camila Ribeiro, que atua na rede municipal de ensino e coordena o Programa de Diálogos Socioemocionais, em parceria com o Instituto Ayrton Senna, enfatizou a necessidade de que diálogos como esse aconteçam de forma contínua. De acordo com a profissional, a rede municipal tem cerca de 79 mil alunos e muitas crianças apresentam sintomas ou diagnóstico de depressão e outros transtornos. Além disso, a situação de sobrecarga dos professores e outros profissionais de educação também exigem atenção dos serviços de apoio.
A psicóloga abordou situações causadas pelo bullying e como o ambiente familiar influencia nas demandas que chegam ao ambiente escolar. “A maioria de nós não é educada para falar sobre emoções. É preciso que todos olhem para dentro de si e entendam o que acontece consigo”, explicou.
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica do Município, Giuliane Ferreira Lopes dos Santos, apresentou dados recebidos pelas notificações encaminhadas ao setor. De acordo com a coordenadora, no entanto, a subnotificação é grande.
Os casos de violência autoprovocada predominam na faixa etária de 20 a 29 anos e entre pessoas com ensino médio completo. Além disso, os casos são mais frequentes entre as mulheres, solteiros e pessoas com transtornos de comportamento. Além disso, é grande o índice de recorrência. Giuliane dos Santos também apresentou números de óbitos por suicídio em São Luís nos últimos anos, que tiveram um aumento significativo em 2022 e estão em níveis muito altos também este ano.
A programação desta quinta-feira, foi encerrada com apresentação do monólogo “Um olhar para o chamado”.
PROGRAMAÇÃO
Nesta sexta-feira, a programação será iniciada às 8h30, com a palestra “Suicídio, a tragédia de quem vê”, com Emanuelle Sampaio. Em seguida, Melissa Costa Claudino Silva abordará a “Atuação do Centro de Valorização da Vida – CVV frente a situação de suicídio e automutilação”. Finalizando a programação, a coordenadora de Saúde Mental da Semus, Larissa Mesquita, falará sobre “A importância da Rede de Proteção no Atendimento às Vítimas de Violência”, com mediação de Daíla Nina Ribeiro Freire
Redação: CCOM-MPMA